Eu quero fumar!

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Written on terça-feira, abril 22, 2008 by Maria

Eu quero fumar e o resto é conversa! Quero! Quero mesmo. Quero, porque fumar é outra vez cool. Essa é que é essa.  Agora que é proibido fumar nos restaurantes e nos locais de trabalho passou a ser muito cool fumar. Arranjam-se novos amigos e fazem-se conversas engraçadas enquanto se fuma à porta dos prédios das empresas. Combinam-se horas para se encontrarem todos, desabafam o stress do trabalho, dizem mal dos chefes uns dos outros e quando apagam o cigarro, já a conversa vai no fim, despedem-se com um até logo, e sobem descontraídos. Porque de repente há como que uma comunidade. Os fumadores são um grupo de conhecidos que se tornam quase amigos, que se divertem e se riem e fazem private jokes. Que saem e entram juntos em todo o lado. Andam em grupo, são uma nova tribo. Uma tribo que crava isqueiros na esplanada, e que fazem piadas sobre a Rita que rouba os isqueiros a toda a gente e anda sempre com cinco na mala. Os fumadores são os que se levantam da mesa de trabalho para irem arejar ou fumar. São os que têm uma desculpa para flirtar com alguém na discoteca ou num restaurante ou num centro comercial. São os que têm sempre um tema de conversa, sem terem de ler o jornal. "tenho mesmo de parar com isto" ou "já estive sem fumar 5 meses mas depois tive o casamento do meu primo e estraguei tudo numa noite." Ah os fumadores, aqueles que se levantam mais depressa da mesa depois do almoço de familia ou de empresa e que arranjam sempre companhia para ir lá fora. Se houver um não-fumador na mesa, ou fica ele sozinho, ou vai para a rua "não-fumar" enquanto os outros fumam. O não fumador é o gajo sem compinchas. Ninguém o vai chamar para “ir lá a abaixo”. É o gajo que não deixa fumar no carro por causa do cheiro e por isso, é o chato. O fumador até respeita isso, e diz que também não deixava se fosse ele. Mas o chato foi o não fumador, que o privou do seu vício, do seu maior prazer. E o fumador, ainda diz qualquer coisa como "deixa eu fumo quando voltarmos a parar" e fica o peso da privação a que foi sujeito no ar. A verdade, é que o fumador quando puxa o fumo, fecha os olhos de prazer. E eu invejo sempre aquele momento. O mundo para-lhes e eu fico a ver e a imaginar como será. Eu adoro chocolate, mas não fecho os olhos daquela maneira quando como.  Eu quero fumar. Porque me sinto "convivoexcluida". E quem me conhece sabe que gosto de socializar. Por isso quero fumar, mesmo que isso implique um pulmão mais fraquito, ou um cansaço maior nas aulas de boxe. Se formos a ver bem, até tem pinta tossir um bocadinho, franzir a cara, mostrar os dentes em sinal de exaustão e exclamar "epá  tenho mesmo de deixar de fumar". É a desculpa perfeita para não se chegar ao fim de um treino. Ou para justificar a falta de fôlego num jogging matinal. Quero fumar, porque quero uma desculpa que sirva para tudo, sem que me chateiem. Quanto  muito, vem de vez em quando uma liçãozinha de moral, sobre o devias deixar de fumar, e o cancro e tal. Mas isso é o menos. Até agora que não fumo já conheço o discurso e já sei que reacção devo ter. "pois, tens razão. Mas não vai ser hoje que ando nervosa."

Quero fumar, sim. Por muito politicamente incorrecta que possa parecer. O problema, é que sei que não vou ter tempo para começar. Que ando com muito trabalho e não vai dar para descer. E que quando estiver sentadinha no restaurante não me vai apetecer ir para o frio só porque tenho de ir fumar. Mas lá que quero um dia destes, lá isso, quero. 

Piccola Maria.  

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9 Comments

  1. Anónimo |

    Aconselho-te uma rápida visitinha ao IPO. Nem precisas de perguntar ao grupo de fumadores (passivos e activos) que lá andam se é bom ser fumador. As cabeças carecas, os corpos escanzelados e a respiração assistida respondem por eles.

    Queres lume?

     
  2. Anónimo |

    Estava mesmo à espera deste tipo de comentários.. ai gente há que ter sentido de humor.

    Isto é só uma piada.

    E não, não sou insensivel às pessoas que sofrem de cancro, infelizmente já tive de viver e suportar a morte de pessoas muito especiais que sofreram desse mal. Se há coisa que não preciso é desse tipo de moralismos.
    De qualquer forma, agradeço a chamada de atenção. Mas tenho consciência do que escrevi, e do tom em que o escrevi.

    Mas não interpretem mal o que não tem de ser mal interpretado.

     
  3. Anónimo |

    caro/a tc,

    aconselho também um visita ao centro de fisioterapia de alcoitão... gente que pelas mais diversas razões (umas mais estupidas que outras) hoje procuram recuperar alguma da mobilidade que perderam...
    Quer boleia?

    Visite ainda a unidade de cuidados intensivos de um qualquer hospital. Enfartes aos 40...
    já lhe apetece ter uma alimentação saudável e praticar desporto?

    Uma visita rápida pelo parque eduardo VI...
    ainda lhe apetece olhar para o lado e fingir que não sabe o que ali se passa?

    Nao quero ser demasiado duro. Bem sei que ter um cancro por uma coisa tão estupida é simplesmente brincar á irresponsabilidade, mas cair no sensacionalismo bacoco não é muito diferente.

    cumprimentos,
    anónimo

     
  4. Lulylai |

    Ai minha gente calma calma, acalmem os animos, acho ridiculo é manterem-se todos anonimos!

    Mary - Eu percebi o texto, mas foi meio infeliz lolol... quer dizer, nao da pra sentir bem se tas a brincar e a ser ironica ou se tas a falar a serio. De qq das maneiras, sou nao fumadora, alias nunca-experimentei-um-cigarro nao fumadora e nao sinto necessidade de nada disso qu descreves!
    beijosss :P

    Peace and luv!

     
  5. Sara |

    Deus...

    Mary... percebo-te, apoio e também me apetece um cigarro... Bora lá dar uns bafinhos?!?!
    (para quem não me conhece, chamo-me Sara e sou ex-fumadora há 10 meses e 1 dia... )
    Quem não percebe que o texto é uma brincadeira é claramente demasiado uptight... e peço desculpas se feri susceptibilidades!

    Anómino... Tc é, efectivamente, daquelas pessoas saudáveis... É o tipo a quem não podes mandar essas bocas, porque ele vive mesmo saudavelzinho... E não chega a ser irritante porque quando o catalogaste como um vegan e tal, lá vem ele dizer como vai enviuvar um boi na saída que está a programar... É a medida certa entre saudável e não paranoico...! (e é meu supervisor, também, e lê este blog... mas NADA tem a ver uma coisa com a outra!!!)

    Alguém para ir lá abaixo pôr a conversa em dia e dar cabo de mais umas células saudáveis?!?!... Não... então pronto... Lá continuarei a ser não fumadora!!!

     
  6. Caju |

    Little Mary,

    Assino por baixo do texto da Lulylai.

    Como sabes, sou apologista do "quando me apetece", aliás... por norma, não como carne, mas quando me apetece, como! Por norma, não fumo, mas quando me apetece, fumo (muitas vezes cigarros dos outros)!

    Por isso, se te apetecer, fuma, mas não incomodes quem não o faz! E quando não te apetecer fumar, não incomodes quem o faz! Boa? :)

    Beijos

     
  7. Anónimo |

    Eu fecho os olhos quando como chocolate pah.

    Para quando ser proibido comer chocolate dentro de sítios fechados?

     
  8. Unknown |

    Imagino perfeitamente um futuro onde, casais que partilham uma vida, um vício e um cancro silencioso, explicam ao(s) seu(s) rebento(s) como aqueles intensos momentos de convívio que brotaram das cinzas de um cigarro os conduziram àquele dia.

    Acho errado, mas a verdade é que, de facto, as pessoas se abrem muito mais ao convívio enquanto fumam. E as relações são feitas de convívios.

    Os cigarros são uma ferramenta fácil para meter conversa. São à partida um ponto em comum. "Ah, também fumas Português Suave?" "Usas Ronson? Para mim o isqueiro é só um meio para atingir um fim, por isso uso o que tiver à mão".

    Mas porquê fumar? Porque não ir correr para o estádio universitário? A probabilidade de caçar alguém com um corpo fixe até é maior.
    Ou meter conversa com a pessoa que vemos sempre no mesmo restaurante de sushi. Afinal, ambos gostam de peixe cru.

    Qualquer pretexto pode ser bom para conhecer alguém. E muitos desses pretextos têm também o poder de cerrar pálpebras.

    Já que somos nós as pessoas criativas, vamos lá fazer alguma coisa que não seja engolir fogo e cuspir fumo e largar os cigarros como um pretexto para socializar.

    Sei que não estavas mesmo a falar a sério Maria, mas fica a minha opinião.

     
  9. Anónimo |

    Faltou-te aqui um outro insight: a companhia que o cigarro faz. Imagina que tens de estar sozinha à espera de alguém num sítio onde não há nada para fazer. Ou que vais sozinha até à praia num dia de inverno e não levas livro, não levas ipod, não tens pastilhas e não tens dinheiro no telemóvel para te ires entretendo a mandar sms. O que é que vais fazer para passar o tempo? Nada.
    Ora o fumador, esse tem o seu maço de cigarros. Acende um, dois, três... faz uma gravata para não queimar muito rápido, faz bolinhas de fumo, expira pelo nariz, faz cascatas de fumo no lábio de baixo, faz t-shirts com o maço de marlboro, etc etc...
    A vida é muito mais divertida com um maço de tabaco.

    E quando te apetecer ir lá a baixo fumar, vai e traz M&Ms.

    Patife

     

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