Amo-te, outra vez

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Written on sexta-feira, dezembro 05, 2008 by Maria

Amo-te é pouco para descrever o que sinto. Amo-te, amo-te, amo-te.
As declarações de amor que te faço são mais verdadeiras do que imaginas. Amo-te.
E assim, dia após dia. O “amo-te” cansa-se. E “amo-te” passa a estar no meio do pão, do casaco, da história, do filme, da mala, da roupa, do copo. Está no meio das outras palavras.
"Mas Maria, Eu amo-te"! diz ele.
E soa a “Mas Maria eu calo-me!” porque com o tempo a força do amo-te perdeu peso. Perdeu força. Já não é dita olhos nos olhos. Antes dizia-se com a lágrima quase a sair, os olhos a cristalizar. Antes ouvia-se e o coração embatia contra o peito. Com tal força que se via a t-shirt a mexer por um décimo de segundo, juro que se via.
“amo-te” era a sentença final. Era a última frase do filme que nos deixava agarrados à cadeira do cinema já com as letras finais a escorrerem no ecrã. E nós ali a pensar.. que bonito.
Depois queremos durante anos viver aquela cena. E até esperamos com calma. Mas não nos lembramos que naquele filme o único “amo-te” que se ouviu foi aquele lá no fim. E que foi por isso que nos soou a verdadeiro, quando no fundo até foi dos mais encenados. Foi um filme pá!
O “amo-te” do filme, ou o “amo-te” à filme, não ouviremos. Desculpem os corações mas sensíveis. Mas se pensarem bem, dão-me razão. Ora vejamos. Com 12 anos fazemos e recebemos as primeiras declarações de amor. As cartas. Nessa altura o “amo-te” é mais genuíno, poderia mesmo ser o tal, mas a verdade é que nessa altura somos muito novos para saber o que é amar. E dizemo-lo porque lá está, nos filmes é assim. Mais tarde 16 anos, é a fase do engate nas festas, na noite, no corredor da escola, já crescidos para o bate-pé. Raramente sai um amo-te. E quando sai é porque houve quase de certeza uma aposta por trás de como era capaz de conquista-la ou conquista-lo. Acalmem-se os crentes. Sim é verdade que nesta altura começam muitos dos namoros que acabam por durar 8 anos, 9, 10, que atravessam a faculdade, jantam em casa dos pais do outro. Fazem as primeiras viagens juntos, o primeiro quarto de Hotel. O primeiro “amo-te” quase à filme. Mas não, lembram-se do que acontecia depois da declaração? Pois.. pôr preservativo. Essa é que é essa, esse “amo-te” é bonito, sim, mas tem muitas hormonas por trás aos gritos que lhe tira protagonismo e na verdade realismo. Desculpem os corações mais sensíveis mais uma vez. Com 23, já acabou a faculdade, pessoas novas estão prestes a ser encontradas. Há um caminho que começa aqui e termina nos 33, 34. Encontra-se a pessoa para casar. É ele! É ela!
Mas aí, o “amo-te” que tinha todo o potencial. Já não é o primeiro. Já foi dito aos 12, aos 16, aos 24. Já se disse a chorar, já se disse ao melhor amigo com uma bebedeira. Outra mulher já o ouviu, outro homem já o ouviu. E o impacto, quer se queira quer não, perdeu-se.
Mas oh Maria, não podes pensar assim, esse “amo-te” não é o 1º mas é o mais sentido, bolas é para casar!!!
Pois é certo, têm alguma razão.
Então em que é que ficamos? Ficamos no seguinte:
“amo-te” é bom demais para ser gasto. Se já está a desbotar, se já abusamos dele desde os 12 anos. Agora é guarda-lo para os momentos que o merecem. Não será aquele do filme. Mas colado a momentos de filme, fica quase. E acalmem-se os românticos que dizem, Ah e tal eu amo-a e digo-o todos os dias porque é verdade. Óptimo. Digo eu. Só não o digas, enquanto estás no wc de costas para ela. O momento pode ser todos os dias, sim, e até à mesma hora, os únicos requisitos cá para mim, é que pelo menos quando for dito, que seja mesmo verdade e que seja dito olhos nos olhos. Quem sabe se não cristalizam.

Piccola Maria

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14 Comments

  1. Anónimo |

    Bem, tu escreves de ano a ano, mas quando escreves... vai lá vai!

    Olha amo-te! :P

     
  2. Anónimo |

    E aqui fica o meu "amo-te" que sei o sabes sincero, mesmo que através desta tela... Sim, este amor que difere do que relatas apenas no momento. Porque se sente com a mesma intensidade...
    Não foi dito aos 12, nem aos 16, nem sequer aos 23, mas cá está este amor que me preenche a alma, que não se explica mas que existe desde que me conheço... e te conheço!
    Porque o amor, seja ele qual for, é feito daqueles pequenos nadas que logo de seguida se esquecem... e é só nesses momentos que se reflecte. O restante, são apenas palavras que traduzem um quase nada do que nos vai na alma.
    Porque não há maiores provas de amor que um sorriso rasgado, uma gargalhada sincera, um olhar de cumplicidade... um enorme e quente beijo de boas-vindas após uma ausência prolongada.
    Porque o que realmente importa é a obrigação de sermos e de fazermos os outros felizes.
    Porque "amo-te" diz tão pouco do que te quero dizer...

    Um enorme beijo e um AMO-TE, certa que, mesmo que tentes, o alcance da tua imaginação será insuficiente para definires este amor... mais certa ainda estou que o teu é do mesmo tamanho!

    Pima Tesha...

     
  3. Anónimo |

    E eu que raramente fico sem palavras, desta vez fiquei mesmo muda.

    És linda pima. :)

    um enorme beijo também e um AMO-TE também e obviamente do mesmo tamanho que o teu.

     
  4. Anónimo |

    tudo verdade Maria. adorei. devias escrever mais.

     
  5. Anónimo |

    Um amo-te é um amo-te, e de tanto escolher o momento certo há quem se esqueça de o dizer.

     
  6. Anónimo |

    Quem ama não se esquece nunca de o dizer.

     
  7. Caju |

    Subscrevo o que o Piero disse! Tu quando escreves à séria, vai lá vai! :)

    A verdade é que já li e reli, voltei a ler e reler para fazer um comentário coerente com as minhas ideologias... e como defensora acérrima do amor incondicional, o que tenho a dizer é:

    "AMO-TE" não passa de uma palavra e a verdadeira intenção da mesma mede-se em acções!

    Muitos Beijinhos

     
  8. Anónimo |

    Pode ser que tenhas razão Meca... mas sabe muito bem ouvi-lo...especialmente quando sabes (sabes e pronto) que é sentido...

     
  9. Anónimo |

    muito bom post maria
    bj
    bruno

     
  10. Anónimo |

    Cocó,

    Eu cá amo-te só às vezes que as vidas de hoje são complexas e demasiado movimentadas.

    Amo-te assim forte quando as saudades apertam, e há dias em que apertam tanto que nem há folego para dizer que te amo.

    Amo-te come si come sa sempre que consegues algo que querias muito, aí sinto-me mais orgulhosa que amorosa.

    Amo-te qb quando gozas comigo por dizer "teledisco".

    Amo-te muito pouquechinho quando dizes que sou zero em ténnis. TENNIS!!

    Não te amo nadica de nada quando gritas pelo Sporting.

    Mas de vez em quando, só de vez em quando...amo-te assim à séria.
    E aí ou falo brasileiro ou chamo-te cocó.

    beijas,

    Xixi

     
  11. cotobia |

    Este comentário foi removido pelo autor.

     
  12. Anónimo |

    ooooooooooooooohh.. olha, nem sei o que dizer, tou com uma lágrima no cantinho do olho e tudo, tou de olhinhos cristalinos.. aiiiiiaa :) tenho é de disfarçar que tou aqui no serviço..hehe. Meu cocozinho, nem te consigo responder à altura, amo amo amo a minha coco e amo amo amo ter uma amiga assim como tu! Estou a explodir de saudades, volta para vermos telediscos!hehe.. toina! E comermos chocolates, e nutella com fartura, e coca-cola na tua casa! E irmos ao cinema ver as comédias românticas que mais ninguém quer ver! ahaha! miss you!

     
  13. Catarina R.M. |

    Bom post!Mas foram os comentários que me deixaram com a lágrima ao cantinho do olho porque são a verdadeira demonstração da PALAVRA Amo-te!A consciência deste sentimento é relativa independente da idade e do processo de apredizagem que já se viveu para o valorizar e senti-lo de forma bem forte. Uma pista são estes teus comentários que com 12 anos não irias dar o mesmo valor que dás agora.
    Beijocas! :D

     
  14. Catarina R.M. |

    pequena emenda: independente da idade mas dependente do processo de aprendizagem

    Beijinhos!

     

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