Dia 28 de Abril. Até hoje, era um dia. Um dia em que se saía de casa e se chegava a casa sem pensar em nada de especial a não ser "uff que dia!" A partir de agora é o dia. Gosto do 20 e gosto do 8. Vou adorar todos os anos este dia. Ganhou força e sentido. Ganhei e ganhamos a Mafalda.
E ainda por cima sai à prima, com a mania que é esperta, à primeira hipótese bimba! Manguito para a sô tôra que já anda a chatear muito. Ganda Mafalda! Bem-vinda! Bora pros copos?
Eu quero fumar e o resto é conversa! Quero! Quero mesmo. Quero, porque fumar é outra vez cool. Essa é que é essa. Agora que é proibido fumar nos restaurantes e nos locais de trabalho passou a ser muito cool fumar. Arranjam-se novos amigos e fazem-se conversas engraçadas enquanto se fuma à porta dos prédios das empresas. Combinam-se horas para se encontrarem todos, desabafam o stress do trabalho, dizem mal dos chefes uns dos outros e quando apagam o cigarro, já a conversa vai no fim, despedem-se com um até logo, e sobem descontraídos. Porque de repente há como que uma comunidade. Os fumadores são um grupo de conhecidos que se tornam quase amigos, que se divertem e se riem efazem private jokes. Que saem e entram juntos em todo o lado. Andam em grupo, são uma nova tribo. Uma tribo que crava isqueiros na esplanada, e que fazem piadas sobre a Rita que rouba os isqueiros a toda a gente e anda sempre com cinco na mala. Os fumadores são os que se levantam da mesa de trabalho para irem arejar ou fumar. São os que têm uma desculpa para flirtar com alguém na discoteca ou num restaurante ou num centro comercial. São os que têm sempre um tema de conversa, sem terem de ler o jornal. "tenho mesmo de parar com isto" ou "já estive sem fumar 5 meses mas depois tive o casamento do meu primo e estraguei tudo numa noite." Ah os fumadores, aqueles que se levantam mais depressa da mesa depois do almoço de familia ou de empresa e que arranjam sempre companhia para ir lá fora. Se houver um não-fumador na mesa, ou fica ele sozinho, ou vai para a rua "não-fumar" enquanto os outros fumam. O não fumador é o gajo sem compinchas. Ninguém o vai chamar para “ir lá a abaixo”. É o gajo que não deixa fumar no carro por causa do cheiro e por isso, é o chato. O fumador até respeita isso, e diz que também não deixava se fosse ele. Mas o chato foi o não fumador, que o privou do seu vício, do seu maior prazer. E o fumador, ainda diz qualquer coisa como "deixa eu fumo quando voltarmos a parar" e fica o peso da privação a que foi sujeito no ar. A verdade, é que o fumador quando puxa o fumo, fecha os olhos de prazer. E eu invejo sempre aquele momento. O mundo para-lhes e eu fico a ver e a imaginar como será. Eu adoro chocolate, mas não fecho os olhos daquela maneira quando como. Eu quero fumar. Porque me sinto "convivoexcluida". E quem me conhece sabe que gosto de socializar. Por isso quero fumar, mesmo que isso implique um pulmão mais fraquito, ou um cansaço maior nas aulas de boxe. Se formos a ver bem, até tem pinta tossir um bocadinho, franzir a cara, mostrar os dentes em sinal de exaustão e exclamar "epá tenho mesmo de deixar de fumar". É a desculpa perfeita para não se chegar ao fim de um treino. Ou para justificar a falta de fôlego num jogging matinal. Quero fumar, porque quero uma desculpa que sirva para tudo, sem que me chateiem. Quanto muito, vem de vez em quando uma liçãozinha de moral, sobre o devias deixar de fumar, e o cancro e tal. Mas isso é o menos. Até agora que não fumo já conheço o discurso e já sei que reacção devo ter. "pois, tens razão. Mas não vai ser hoje que ando nervosa."
Quero fumar, sim. Por muito politicamente incorrecta que possa parecer. O problema, é que sei que não vou ter tempo para começar. Que ando com muito trabalho e não vai dar para descer. E que quando estiver sentadinha no restaurante não me vai apetecer ir para o frio só porque tenho de ir fumar. Mas lá que quero um dia destes, lá isso, quero.
A quem me deixou isto hoje na minha porta. Por saber que eu queria muito e ainda não tinha tido tempo para comprar. Porque gestos destes, são de filme e eu nunca me esqueço.
Isto é digno de um post do blog Guia das mulheres para totós, mas hoje tenho que falar sobre esta técnica milenar desenvolvida por seres femininos, transmitida por gerações e gerações de mulheres que já habitaram este mundo.
Ontem fui eu, mais um alvo desta maléfica conspiração que é a chantagem feminina:
Não é que a certas horas da noite recebo um sms a dizer qualquer coisa como "Está uma noite tão boa, parece verão! Vamos fazer alguma coisa!". Até aqui tudo bem, tudo normal. Ao que eu respondo "Aih! É bué tarde e ainda nem jantei. Não queres marcar para amanhã?" e ela remata algo tipo "És um ranhoso! Amanhã não posso.". Aqui admito que dei parte de fraco e respondi "Pronto vá... vamos comer um gelado ao pé da praia. Já passo aí".
E aqui é que entra em todo o esplendor a famosa chantagem feminina. Reparem bem, leiam com atenção e calma para que não vos escape nada. Foi tipo isto: "Não não... se estás cansado não vamos... Também já comi um gelado. Deixa... Mas lá que está uma noite muito boa está..."
Conseguiram perceber? Notaram a chantagem ali escarrapachada??
Pois bem é contra este tipo de chantagem que me insurjo! Há anos que vocês (mulheres) usam esta chatangenzinha para conseguir o que querem! É das coisas mais baixas! É mesmo "ah, não consegui as coisas pelo ládo fácil. Então vou ter que lançar a chantagem!". O pior é que muitas vezes vocês já devem fazer isso inconscientemente! Lançam a chantagem quase sem terem a noção que a estão a lançar!