o divã lá de casa
Written on terça-feira, junho 15, 2010 by Maria
O meu Pai é psiquiatra. E exerce na ilha da MAdeira, uma região onde a primeira pessoa que precisa de análise, é o próprio presidente.
Para equilibrar a coisa, a minha mãe é psicoterapeuta.
Estar em casa com eles num domingo, podia ser um verdadeiro suplício. Porquê? Porque tudo, mas TUDO, era analisado.
Se eu me deitava no sofá a ver tv, o meu pai corria, sentava-se atrás de mim com um bloco e uma caneta na mão e dizia:
- Este é o teu espaço Maria. Falas quando quiseres, sobre o que quiseres.
E agarrava imediatamente no bloco, com a caneta a postos para tirar notas do que quer que fosse.
Se eu suspirava e dizia:
“oh pai, para lá com isso, não tenho paciência” via-o a escrever imediatamente qualquer coisa como: “conflito com o pai, complexo de Édipo mal resolvido.”
Se por outro lado, ao almoço me recusava a comer sopa feita pela minha mãe, o sermão que eu ouvia, nunca era sobre o quanto os legumes me iam fazer bem, mas sim sobre o quão aquilo era uma manifestação de agressividade latente para com ela e de como eu tinha de pensar na solução para resolver este problema.
Mas há mais, a relação com o meu irmão era a mais normal entre dois pré adolescentes. Sempre ao pontapé. Como é que isto era visto pelos meus pais? Simples, justificavam o nosso comportamento como sendo a descoberta da diferença cognitiva entre os rapazes e raparigas no seio da adolescência.
(Só mesmo) Freud explica.
Piccola Maria.
Olha se eu tivesse tido um divã desses, se calhar não tinha acabado assim :P
Olha pra ti, tão direitinha que tu és :P
Xiiii, se me lembro da tia Nana e a sua agressividade latente (ou seria a já pouca paciência) quando infernizávamos a vida dos adultos lá de casa... ;)